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Escola de robótica: uma iniciativa de cidadania em Samambaia Sul

Voluntários ensinam a alunos de 7 a 12 anos a construir modelos de carros e outros protótipos a partir de sucatas de materiais eletrônicos. Ação tem estimulado a garotada a aprender sobre sustentabilidade

Há ação voluntária na Escola Classe 501, de Samambaia Sul, que está mexendo com os alunos do Ensino Fundamental: desde o início do ano letivo, a garotada vem aprendendo tudo sobre robótica. E de graça. O projeto, um sucesso, nasceu com o pai de uma aluna da instituição. Profissional da área de informática numa empresa privada no Lago Sul, a B2T – Business To Technology, André Mesquita conseguiu que os chefes o liberassem uma vez por semana para ensinar aos garotos e garotas do colégio. A ideia nasceu durante encontros num clube de informática.

“Tudo começou na Calango Hacker Clube, em conversas sobre a desigualdade de oportunidades entre a rede pública e privada. Mas a minha filha é a principal responsável pela ideia sair do papel; afinal, é uma maneira de ficar mais perto dela”, conta Mesquita, que divide o projeto desde o início com Angelita Torres.

Há tempos que estamos querendo desenvolver uma parceria de educação para criança nessa área da tecnologia, e calhou de dar certo nessa escolaAngelita Torres, voluntária

Propostas voluntárias, como essa da oficina de robótica em Samambaia Sul, são valorizadas pela gestão Ibaneis Rocha. André Mesquita revela que o primeiro desafio foi convencer a direção da escola a incluir o projeto de robótica como atividade extracurricular. A iniciativa foi bem-aceita pela equipe da instituição, que tem laboratório de informática e computadores, o que ajuda a dupla na infraestrutura e apoio logístico.

“Dentro da escola pública ainda existe o estigma de que robótica é só para quem pode pagar, e a gente quer justamente desmistificar isso com a presença do André dentro da escola”, comenta o diretor da EC 501, Alessandro Araújo. “Estamos na era digital, e os alunos não podem ficar fora.”

Sustentabilidade

Na prática, toda quinta-feira, alunos de 7 a 12 anos são incentivados a construir modelos de carros e outros protótipos a partir de sucatas de materiais eletrônicos e recicláveis que iam diretamente para o lixo. Assim, baterias de celulares e motorzinhos ganham novas funções junto a tampinhas de garrafas, pedaços de tapetes, papelão, caixas de leite e garrafas pet.

André Mesquita complementa, do próprio bolso, com outros materiais lúdicos que ajudam a dar forma à imaginação dos alunos. Mais do que uma mera oficina de invenção e criatividade, o encontro proporciona também aos alunos uma aula de cidadania e bons costumes.

“Eles aprendem não só informática, mas lições de comportamento que os ajudam a ter um futuro melhor; [aprendem] a lidar com o lixo de forma sustentável, tendo consciência de cuidar da natureza”, destaca a coordenadora pedagógica, Rosimel Pereira dos Santos. “É um exemplo de que, quando se tem boa vontade, as coisas acontecem.”

A experiência de seis meses de robótica tem refletido de diversas maneiras no entusiasmo e comportamento das turmas que estudam em tempo integral na escola. Para os professores e coordenadores, é um ganho em vários sentidos. Além de estimular os sentidos cognitivos – como memória e raciocínio – explorados, os trabalhos na oficina ajudam na parte de coordenação motora e desenvolvimento intelectual. Melhor ainda: ensinam os estudantes a trabalharem em espírito de coletividade. “Aqui dentro da escola tem muito talento, eles só precisam ter oportunidade, por isso a importância de parcerias como essas da oficina de robótica”, defende Rosimel.

Fotos: Tony Oliveira / Agência Brasília

Empolgado desde pequeno com informática, Daniel Victor, 10 anos, comemora a aprendizagem: “É uma oportunidade que temos de construir robôs, ter conhecimento de robótica”, diz. Seu colega Cauã Lourenço, da mesma idade, emenda: “E não só isso, estamos aprendendo a lidar com lixo de uma forma diferente, aproveitando tudo o que ia ser jogado fora nas aulas de robôs”.

Um dos resultados desta bem-sucedida colaboração firmada entre uma iniciativa cidadã e o agente público é que quatro alunos vão representar a escola em uma olimpíada, durante o Festival de Robótica Educacional do Distrito Federal.

Não é uma iniciativa pioneira na rede pública, pois algumas escolas têm feito algo parecido, mas deveria acontecer mais vezesAlessandro Araújo, diretor da Escola Classe 501, de Samambaia Sul

O evento, que acontece no próximo dia 24, será realizado no Centro de Educação Profissional Articulado do Guará, o Cepag. “Agora que estamos inscritos, temos que ir e apresentar um projeto de qualquer jeito”, brinca o diretor Alessandro Araújo.

Para André Mesquita e Angelita Torres, a expectativa é que essa colaboração mútua seja replicada em todo o Distrito Federal. “Foi muito legal a receptividade que tivemos nessa escola, que é modelo em abrir as portas para a comunidade com parcerias.” LÚCIO FLÁVIO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA

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