Contadores ganham protagonismo em nova fase da gestão pública
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Categoria passa a ter atendimento preferencial e articula unificação de carreira para fortalecer transparência e eficiência no DF
Os profissionais de contabilidade do Distrito Federal vivem um momento de reorganização e fortalecimento institucional que promete alterar a dinâmica entre o setor produtivo e o poder público. Após anos cobrando maior reconhecimento e padronização de procedimentos, a categoria conquistou um avanço importante: a aprovação da lei que garante atendimento preferencial aos contadores nos órgãos do Governo do DF. A medida, articulada pela Frente Parlamentar em Defesa dos Profissionais de Contabilidade, deve reduzir retrabalhos, agilizar demandas e melhorar a qualidade das informações enviadas ao Estado.
Segundo especialistas, o impacto vai muito além de conveniência. A contabilidade é o eixo que conecta o empresário ao Estado, desde a abertura de uma empresa até a emissão de notas fiscais, pedidos de alvará, regularização tributária e solicitações de crédito. Quando o empresário tenta resolver uma demanda técnica sem orientação, perde tempo e aumenta a margem de erro — o que também sobrecarrega o serviço público. O contador, ao contrário, chega com diagnóstico pronto, documentação correta e linguagem técnica compatível com o sistema administrativo.
A discussão sobre valorização ganhou força com a atuação do deputado Roosevelt, presidente da Frente Parlamentar, que tem articulado iniciativas tanto para o setor privado quanto para os contadores que atuam dentro do próprio Governo do Distrito Federal. Uma das pautas mais sensíveis é a criação da carreira unificada de contador público. Hoje, cerca de 15 carreiras diferentes exercem funções contábeis em secretarias, administrações regionais e autarquias, cada uma com metodologias próprias e regimentos distintos.
A falta de padronização gera inconsistências e impactos diretos na prestação de contas do governo. O Tribunal de Contas do DF, por exemplo, registrou ressalvas nas contas de 2024, muitas delas relacionadas a divergências contábeis entre órgãos. A unificação da carreira é vista como o caminho para alinhar procedimentos, aumentar a precisão das informações e fortalecer a transparência da gestão pública.
Representantes do segmento também reforçam o peso econômico da categoria. Segundo o Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal (CRC-DF), o DF reúne cerca de 15 mil profissionais e 3 mil empresas contábeis, movimentando um universo que chega a 40 mil trabalhadores direta ou indiretamente ligados ao setor. O presidente do CRC-DF, Darlan Barbosa, defende que a qualificação técnica dos contadores precisa ser integrada às decisões e prioridades da administração pública. “A contabilidade é o motor da economia. Quando o contador é valorizado, empresas funcionam melhor, o Estado arrecada com mais precisão e o ambiente de negócios fica mais seguro”, afirmou.
As entidades contábeis também destacam que a aproximação com a Câmara Legislativa marca uma nova etapa na representatividade da classe. Historicamente fragmentada e sem articulação política consistente, a contabilidade ganha agora voz em debates sobre desenvolvimento econômico, modernização administrativa e desburocratização.
O próximo passo será apresentar à governadora Celina Leão uma proposta detalhada para criação da carreira unificada, medida defendida por associações, sindicatos e conselhos como uma reforma estrutural capaz de melhorar a gestão pública e valorizar um dos setores mais estratégicos do Estado.

