A volta dos que não foram | o “time dos condenados” quer Brasília de volta
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Ex-presidiários e velhos conhecidos da corrupção se unem para tentar ressuscitar a velha política no DF
Por Ricardo Ulivestro
Prepare o estômago, eleitor brasiliense. A velha “República dos Condenados” está de volta, e com a audácia de quem acredita que a memória do povo tem prazo de validade. À frente do bloco, o ex-senador e ex-presidiário Gim Argello, aquele mesmo que ganhou o apelido nada sutil de “Alcoólico” nas planilhas da Lava Jato, após embolsar R$ 7,35 milhões em propinas para blindar empreiteiros nas CPIs da Petrobras. Condenado a 19 anos, ficou apenas três na cadeia. Em 2024, o STJ lhe deu um “banho de absolvição” e o TRE-DF o devolveu limpinho para a política.
Eis que agora, como um gato que sempre cai de pé (ou de terno), Gim reaparece, de blog na mão e moral em alta, ao lado do também ex-presidiário José Roberto Arruda. Sim, o mesmo do “Mensalão do DEM”, que foi filmado recebendo sacolas de dinheiro das mãos do delator Durval Barbosa. Arruda, que ainda se acha vítima de conspiração, quer voltar à cena política como se nada tivesse acontecido.
A cereja do bolo é Agnelo Queiroz, ex-governador e réu no propinoduto do Mané Garrincha, o estádio que custou R$ 1,4 bilhão aos cofres públicos. E, como se não bastasse, Júnior Brunelli também reaparece, o da famosa “oração da propina”, agradecendo o dinheiro sujo como se fosse bênção divina. Um verdadeiro milagre político: o DF produz escândalos que ressuscitam com fé e ironia.
O mais curioso é que todos esses “renascidos” agora falam em ética, fé e obras, como se a história pudesse ser apagada com um bom discurso e um sorriso ensaiado. A tentativa é clara: explorar a nostalgia, vender promessas recicladas e convencer o eleitor de que o passado de corrupção é apenas um mal-entendido.
Mas Brasília não esquece. A cidade ainda carrega cicatrizes abertas por desvios bilionários e promessas vazias. A diferença é que, desta vez, o eleitor tem a chance de mostrar que memória não se apaga, e que nem todo “retorno triunfal” merece aplausos.

