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“A música do Bill ou a próxima novela?”: MV Bill na Globo após anos de críticas à emissora

Imagem: Fábio Rocha/Globo

Imagem: Fábio Rocha/Globo

Volta por cima ou o soldado do morro de coração vermelho criado pela sociedade tem uma nova roupagem?

Por Andrey Neves

O artista e rapper MV Bill, conhecido por suas músicas de crítica social, estrelou sua segunda novela, “Volta por Cima”,  na TV Globo. O papel de Lindomar, um motorista de ônibus, foi interpretado por Bill, que encarnará um homem de princípios firmes e muito amoroso com suas duas filhas, Madalena (Jessica Ellen), a protagonista da trama, e Tati (Bia Santana).

Essa nova empreitada levanta uma questão interessante, visto que MV Bill já foi um crítico ferrenho da emissora. Em sua música “Só Deus pode me julgar”, o rapper atacou diretamente a Globo, criticando a falta de representatividade negra:

“Só tem paquita loira, aqui não tem preta como apresentadora. Novela de escravo, a emissora gosta, mostra os pretos chibatadas pelas costas.”

E não parou por aí. Em outros trechos da mesma música, MV Bill coloca em cheque o papel da emissora na sociedade e questiona o impacto real das novelas frente à realidade social e racial no Brasil:

“Ser artista pop star pra mim, é pouco. Não sou nada disso, sou apenas mais um louco clamando por justiça e igualdade racial.”

Em abril de 2004, o rapper causou grande polêmica ao cantar essa mesma música no extinto “Domingão do Faustão”. O apresentador Fausto Silva, tentando suavizar o impacto da letra, interviu com sua famosa frase “Ele faz no improviso essa parte aí é mole?”. MV Bill, anos depois, revelou em um podcast que as músicas que ele apresentaria no programa foram enviadas antecipadamente à emissora: “Se escutaram? I don’t know”, disse em tom sarcástico.

Agora, anos depois, a dúvida que fica é: temos um novo MV Bill, uma evolução de seu antigo eu, ou foi a Globo que mudou o suficiente para que ele aceitasse trabalhar com a emissora? Em conversa com populares, a opinião foi unânime: “Quem manda é o dinheiro”.

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