Prédio abandonado há anos será demolido no dia 21 de dezembro e abre espaço para novo empreendimento no Setor Hoteleiro Norte

Depois de doze anos de abandono, disputas judiciais e degradação urbana, a carcaça do Torre Palace Hotel no Setor Hoteleiro Norte será implodida no dia 21 de dezembro de 2025. O prédio, que já foi um dos hotéis mais sofisticados de Brasília, transformou-se em símbolo de um ciclo de imobilismo jurídico e perdição patrimonial no centro da capital federal. A decisão marca o fim de um capítulo e o início de especulações sobre o futuro do terreno.

Inaugurado em 1973, o Torre Palace foi projetado para ser um símbolo de luxo e modernidade, atraindo diplomatas, autoridades e turistas ao longo de décadas. Sua arquitetura e serviços sofisticados o colocaram como referência na hotelaria brasiliense. No entanto, após a morte de seu fundador, Jibran El-Hadj, nos anos 2000, o edifício entrou em um labirinto de disputas entre herdeiros que travaram decisões sobre manutenção, uso ou venda do ativo.

Ao longo dos últimos 12 anos, o Torre Palace permaneceu praticamente desocupado e sem uso, sendo alvo de invasões, pichação e deterioração acelerada, em um fenômeno urbano que preocupa especialistas em planejamento e patrimônio. Tentativas de viabilizar a venda em leilões ou a revitalização por meio de investidores privados fracassaram, em grande parte devido à insegurança jurídica e à complexidade das disputas familiares que emperraram negociações e planos de restauração.

A implosão foi definida como a alternativa mais eficaz para remover a estrutura comprometida e liberar o terreno para novos projetos. Autoridades envolvidas afirmam que a operação está sendo planejada com foco em segurança máxima, considerando a localização central e a necessidade de minimizar impactos no trânsito e na rotina dos moradores e trabalhadores da área. Contudo, a imprensa local e urbanistas questionam se o processo de demolição terá contrapartidas claras, como a definição de um projeto que efetivamente gere valor público e não apenas mais um empreendimento privado.

Especialistas em urbanismo alertam que a situação do Torre Palace não é um caso isolado. “O abandono de grandes edifícios em áreas nobres reflete fragilidades no ordenamento urbano e na governança dos ativos imobiliários. Sem mecanismos eficientes de destinação e sem segurança jurídica, imóveis estratégicos acabam se tornando fardos para a cidade,” afirma um arquiteto consultado por nossa reportagem. A expectativa agora se volta para o que será proposto no lugar,  um novo hotel, torres comerciais, ou um projeto mais integrado ao uso público e cultural? ainda está em debate entre investidores e poderes públicos.

A implosão programada para o dia 21 de dezembro será um marco no horizonte urbano de Brasília, encerrando um ciclo de decadência e inércia e abrindo um novo capítulo,  ainda indefinido, para o terreno nobre do Setor Hoteleiro Norte. Enquanto isso, moradores, empresários e urbanistas acompanham com atenção as negociações que devem definir o futuro uso do espaço.