Boulos e Lula | O populismo disfarçado de política social
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A nomeação de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência escancara a tentativa de Lula em reviver seu projeto ideológico às custas do contribuinte
Por Ricardo Ulivestro
A possível nomeação de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência não é apenas mais uma movimentação política, é um símbolo de como o governo Lula insiste em caminhar na contramão do bom senso e da eficiência administrativa. O gesto soa mais como um prêmio à militância do que uma escolha técnica, reforçando o caráter ideológico e populista que tem marcado o atual governo.
Boulos, conhecido nacionalmente por liderar o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), carrega um histórico de invasões de propriedades privadas, um crime previsto em lei e que atenta contra um dos pilares de qualquer sociedade organizada: o direito à propriedade. Colocar alguém com esse passado em um cargo tão próximo ao núcleo do poder é, no mínimo, um deboche com a sociedade que trabalha, paga impostos e luta para manter a ordem em meio ao caos que a política insiste em alimentar.
Lula, ao abraçar figuras como Boulos, revela seu verdadeiro propósito: manter viva a retórica da divisão social, usando os velhos discursos de luta de classes para sustentar o populismo. Essa aliança, travestida de inclusão e justiça social, esconde o uso político de programas e cargos públicos para manipular o imaginário popular e garantir apoio eleitoral. Não à toa, o anúncio coincide com a liberação bilionária de crédito habitacional, medida que, na prática, serve mais como ferramenta de marketing do que como política pública eficaz.
O problema é que o país não precisa de mais ministérios nem de discursos inflamados sobre “os pobres contra os ricos”. O Brasil precisa de resultados. De gestão, transparência e segurança jurídica, elementos que Boulos jamais demonstrou defender. Pelo contrário, sua trajetória é marcada por confrontos, ocupações ilegais e uma visão de mundo que enxerga o Estado como pai e o cidadão como dependente.
A esquerda que Lula tenta reconstruir com essa indicação é a mesma dos anos 1980: estatizante, radical e alérgica à meritocracia. O governo tenta reviver o espírito revolucionário em um país que clama por estabilidade, enquanto a economia patina, os investimentos recuam e o contribuinte vê o dinheiro público escorrer para manter estruturas de poder disfarçadas de políticas sociais.
Boulos pode até ser o “herdeiro político” que Lula tenta moldar, mas dificilmente representará o futuro. O Brasil amadureceu, e a sociedade já não se deixa enganar por narrativas que romantizam a ilegalidade e o assistencialismo como virtudes. No fundo, o que se vê é a velha política do toma-lá-dá-cá, agora com um verniz ideológico, que transforma o Planalto num palco de promessas e ilusões.
Enquanto isso, o país segue refém de líderes que preferem a conveniência da militância à coragem da mudança. Boulos e Lula representam, juntos, um Brasil que insiste em olhar para o retrovisor — e quem dirige olhando apenas para trás, cedo ou tarde, perde o controle da estrada.