Marconi Perillo citado em suposto esquema de desvio no Jockey Club

Published On: 19/10/2025 20:14

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Ex-governador de Goiás é apontado em investigação que apura uso irregular de R$ 83,6 milhões em incentivos fiscais destinados à restauração do clube paulista

O ex-governador de Goiás e atual presidente do PSDB, Marconi Perillo, voltou ao centro de uma polêmica nacional. Uma investigação exclusiva do portal UOL revelou que o tradicional Jockey Club de São Paulo, do qual Perillo é sócio desde 2019 e conselheiro desde 2022, pode ter desviado mais de R$ 83 milhões em recursos públicos obtidos por meio de incentivos fiscais federais e municipais.

Entre 2018 e 2025, o clube captou R$ 22,4 milhões via Lei Rouanet, destinada a projetos culturais, e outros R$ 61,2 milhões pelo TDC (Termo de Doação Cultural), voltado à preservação do patrimônio histórico da capital paulista. Entretanto, documentos e notas fiscais obtidos pelo UOL apontam irregularidades graves: duplicidade de comprovantes, despesas incompatíveis e contratações de empresas fantasmas, como a construtora Vidal, registrada em Goiânia, mas sem sede física nem responsáveis localizados.

Os investigadores também identificaram gastos pessoais pagos com verba pública, como jantares com vinhos importados, hospedagens no Rio de Janeiro, compras em farmácias e até condomínio particular. Um gerador alugado por R$ 2,3 mil para um endereço em Santo Antônio do Descoberto (GO), sem qualquer relação com as obras, reforçou as suspeitas de desvio.

Perillo, que aparece com 15,6% das intenções de voto em Goiás segundo pesquisa AtlasIntel e é cotado para disputar o governo estadual em 2026, nega envolvimento e classificou as denúncias como “leviandade”. Já o Jockey Club alega perseguição política da Prefeitura de São Paulo, que reprovou as contas e instaurou auditoria. Parte dos recursos investigados teria sido destinada a empresas ligadas a familiares e ex-assessores de Perillo, como a Elysium Sociedade Cultural, criada por decreto seu em 2014.

O caso acende um alerta sobre o uso de incentivos fiscais e coloca em xeque a credibilidade dos mecanismos de fomento cultural no país. Se confirmadas as irregularidades, a Prefeitura pode exigir a devolução dos recursos e abrir caminho para novas investigações em nível federal.

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